Hoje eu peço licença aos profissionais da psicologia para fazer uma alusão aos processos de entendimento e construção de uma marca e a terapia.
Durante o processo de conhecimento de uma marca, pude observar que gerir marcas vai além de aspectos técnicos e formais. Nós vasculhamos e buscamos encontrar a história, a verdade de uma empresa. E isso não acontece com um checklist. Por isso, eu sinto que conhecer de verdade uma empresa, que é o que possibilita criar um posicionamento consistente, é proporcionar uma sessão de terapia para uma marca.
Quando começamos esse processo de conhecimento de marca, 3 perguntas são muito importantes de serem respondidas, e com sinceridade. Marty Neumeier no livro The Brand Gap diz que saber responder "quem eu sou?" "O que eu faço?" "E porque isso importa?" são os passos iniciais para saber o foco da sua marca, e uma marca focada desperta a percepção adequada no consumidor. Para um primeiro momento, se você pretende colocar a sua marca no divã, faça essas três perguntas básicas. Elas te darão uma visão mais clara do momento e comportamento da sua empresa. Quem sou eu é a pergunta mais simples e fácil de responder. O nicho e setor que a sua empresa está inserido ajuda nesta resposta.
A segunda pergunta, o que eu faço?, pode ser mais difícil para empresas que fazem muitas coisas ou executam ações ou produtos ainda não reconhecidos e entendidos pelo público. Mas agora é a hora de simplificar e transmitir aquilo que você faz de maneira objetiva.
E por último a mais complexa de todas. Ao responder “ Porque isso importa?” colocamos sobre a mesa o diferencial da sua empresa, sua razão de existência, que fará o seu consumidor distinguir entre você e o seu concorrente.
Voltando ao mundo da terapia, a minha alusão não está ligada apenas ao processo de autoconhecimento, afinal, apesar de diversas metodologias adotadas por cada profissional, quando você começa uma terapia, como pessoa física, você está em busca de entender melhor sobre si mesmo e a sua relação com o mundo.
Mas também correlaciono aos altos e baixos das sessões. Seja muito emotiva, reveladora ou até mesmo chocante, nenhuma sessão é igual a outra e desperta diversas emoções em nós.
E com marcas não é muito diferente. Durante o processo há a felicidade de uma descoberta, a frustração de um impasse de decisão e também a surpresa de se deparar com uma verdade não explícita.
Tudo isso exige empatia, calma e confiança. Por todos esses altos e baixos a segurança de que a próxima sessão é importante e necessária se deve a dois fatores: possíveis resultados e confiança.
“Preste tanta atenção ao processo quanto ao conteúdo.” Michael Hirschorn
Você vê a sua própria evolução e confia naquele profissional que conduz a sessão.Novamente, com marcas é bem parecido. Cada decisão que é tomada, uma palavra, uma cor, um estilo cria uma sensação de alcance de tangibilizar algo que estava apenas dentro dos proprietários da marca e será traduzido e expandido para o mundo. E a confiança de que o profissional condutor sabe para onde ir e o que fazer também permite uma melhor caminhada.
Encarar esse processo como uma montanha russa me tranquiliza, e talvez para você, dono de uma marca ou um profissional de branding, ver esse processo desta maneira pode ser um alívio.
Outro ponto que para mim se aproxima muito de uma terapia é o como a intimidade, as histórias dos fundadores impactam a marca. Não há como transmitir verdade em uma marca, sem conhecer aquilo que motivou e motiva os seus fundadores. E realmente conhecer essas histórias, para além de datas e fotos de inauguração é um grande privilégio.
Nós nos aproximamos para nos distanciar. Para que aqueles ativos motivadores sejam muito bem percebidos pelo público, mesmo de longe.
Trabalhar com marcas é isso, conhecer histórias, conversas, verdades e decepções. Tudo isso com confiança mútua e sempre acreditando na importância da próxima sessão.
Até a próxima sessão!
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